6 de outubro de 2005

Show do Pearl Jam em São Paulo - Folha Online

05/10/2005 - 11h06
Show do Pearl Jam causa polêmica e mobiliza público
da Folha Online

Para muitos, seria a realização de um sonho. Para outros, mais um pesadelo. O show do Pearl Jam em São Paulo, pré-agendado para 2 de dezembro, corre risco considerável de não acontecer após a suspensão dos espetáculos musicais no estádio do Pacaembu. De um lado, estão os fãs da banda. De outro, uma associação de moradores, em uma batalha que envolve ação judicial, abaixo-assinado e muita argumentação.
A determinação, que saiu diretamente do gabinete do prefeito José Serra (PSDB), vale por tempo indeterminado e, segundo o próprio prefeito, pode ser reavaliada. Na última segunda-feira, a Viva Pacaembu --associação de moradores que move, desde 2004, uma ação judicial contra a prefeitura-- e a Secretaria Municipal de Esportes, que administra o Pacaembu, se reuniram para debater o assunto. Não chegaram a um consenso.
A CIE, empresa que trará a banda norte-americana ao Brasil, afirma que ainda não pensa em mudar o show para outros locais, conforme foi divulgado na imprensa. Caso não ocorra em São Paulo, restarão aos fãs os shows em Porto Alegre, Curitiba e Rio de Janeiro. Fernando Altério, da CIE, cogita levar a apresentação de São Paulo para Belo Horizonte ou Brasília (segundo
antecipou a Folha).

Leis
A novela da proibição de shows no estádio tem origem na mobilização da Viva Pacaembu e culminou em setembro, com um show promovido pela rádio Mix FM que terminou três horas após o horário permitido.
"Pleiteamos que a lei seja cumprida", diz Iênidis Benfati, presidente do conselho da Viva Pacaembu. Segundo a conselheira, os vizinhos do estádio estão amparados em "uma série" de leis. Entre elas, os parâmetros de comodidades previstos no plano diretor de São Paulo, a lei de zoneamento, que não permite casas de eventos na região (o estádio, portanto, não poderia assumir essa função) e uma cláusula de doação do terreno em que o estádio foi construído, segundo a qual a área deveria abrigar um equipamento com finalidade esportiva (não um local para a realização de shows).

"O estádio virou uma arena para espetáculos comerciais e predatórios", afirma Iênidis. "Já chegamos a contar 380 ônibus estacionados em ruas residenciais. O público vomita, urina e defeca no local", continua a conselheira, citando ainda o problema do bloqueio das garagens por carros estacionados em locais proibidos e as depredações.

Abaixo-assinado
Do outro lado, estão os fãs do grupo, que torcem para a solução do impasse e já se mobilizam para que a prefeitura reveja a suspensão. Um abaixo-assinado disponível na internet já conta com mais de 2.000 "assinaturas" (com nomes e números de documentos de identidade) pedindo a realização do show.
A vereadora Soninha (PT) entregou na última quarta-feira uma carta ao prefeito solicitando a revisão da decisão. "Vários estádios ao redor do mundo são aproveitados como 'arenas multiuso', recebendo espetáculos musicais de grande porte e arrecadando valores importantes para sua própria manutenção. [...] Todos temos um preço a pagar por dividir o espaço urbano com 11 milhões de pessoas", argumenta Soninha na carta.
No Orkut, a comunidade "Pearl Jam no Brasil! Eu vou!" conta com mais de 72.600 integrantes e defende: "Não há outro lugar com boa capacidade para receber esse show (poderia ser o Morumbi, mas depois da tragédia em uma das turnês, o PJ não faz show em estádio com mais de 40 mil pessoas)".
Entre as comunidades relacionadas de "Pearl Jam no Brasil! Eu vou!" aparecem "Eu Odeio o José Serra", "José Serra É 'Mr. Burns'?" (em referência ao chefe de Homer no seriado "Os Simpsons") e "Amo Pearl Jam. Odeio José Serra".

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