A primeira, já no 1º ano de faculdade, envolveu apenas os funcionários... Eles entraram em greve um dia antes da Copa do Mundo, e terminaram um dia depois da eliminação do Brasil. Detalhe: o Brasil foi eliminado no sábado, e eles terminaram a greve em pleno domingo! Durante todo esse tempo, a vida não tinha circular nem bandejão, entre outras coisas não tão essenciais (Cepê).
No ano seguinte, a coisa pegou fogo, tanto que funcionários, professores e até estudantes entraram em greve e fizeram vários atos contra os decretos do Serra. A Reitoria ficou 50 dias ocupada e a Torre do Relógio também foi aberta: a visitação, depois de anos, voltou a ser liberada lá, ainda que por pouco tempo. No final, houve uns ajustes nos decretos, os professores voltaram a dar aulas, e o movimento (que já tinha se prolongado demais, e isso é quase unanimidade) se dispersou. O principal ato contou com mais de 10 mil participantes, entre os quais professores e estudantes do IAG, que suspendeu as aulas. Houveram até fotos nos principais meios de comunicação do país!
Em 2008, não houve nenhuma grande agitação. Nem os funcionários entraram em greve, provavelmente devido ao desgaste sofrido no ano anterior, com a ocupação, e no ano anterior, com a "greve para assistir à Copa". Outro fator que influenciou isso foi que as Olimpíadas aconteceriam na China, ou seja, os jogos seriam durante a nossa madrugada. Pra que fazer greve se dá pra assistir ao evento?
Porém, nesse ano, os funcionários voltaram com tudo: estão fazendo greve por melhores salários (nenhuma novidade até aí), e pela readmissão do Brandão, que, dizem alguns, foi demitido pela ocupação e, dizem outros, foi demitido por motivos justos (e eu acho que estes tem se mostrado mais confiáveis). Mas não é só isso que está em jogo dessa vez: os estudantes embarcaram na bagunça contra a Univesp, que cria cursos a distância ministrados por professores das três universidades estaduais paulistas.
Para piorar a situação, a Reitora age como se não devesse nada a ninguém, e coloca imposições absurdas que vão contra as últimas dezenas de anos de história da USP: impede a entrada de negociadores do Fórum Das Seis (entidade que reúne os funcionários, professores e estudantes da USP, UNESP e Unicamp - tanto professores como funcionários das três universidades negociam reajustes salariais de forma unida) e, com isso, criou uma ira entre os professores também. Além disso, encheu o campus de PM, para evitar piquetes e para "intermediar" a negociação (dizem os relatos que membros da Força Tática da PM permanecem na sala de negociações enquanto elas ocorrem).
Por tudo isso, a USP está uma zona: no mesmo dia que os professores entram em greve (sexta-feira última), o bandejão da química foi reaberto. O CEPEUSP também tem aberto as portas regularmente, ainda que precariamente, por não estar com todos os funcionários trabalhando, e correndo o risco de ser fechado por piquetes. A PM continua na USP tentando (conseguindo?) oprimir (impedir?) os piquetes, e a reitora continua irredutível quanto às principais questões, entre elas a sua própria intransigência na negociação, impedindo negociadores de negociar.
Alguns professores estão em greve: a maioria é da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) e ECA (Escola de Comunicações e Artes), mas alguns professores de outros institutos também aderiram à paralisação por tempo indeterminado, como a professora do IF (Instituto de Fïsica) Suzana e seu parceiro nas aulas de Física 4, Manuel Robilotta. Nenhum dos professores da meteorologia parou por enquanto, e todos nos garantem que só pararão se todos pararem, o que é, no mínimo, mais sensato que os demais. Provavelmente ninguém do instituto vai parar suasatividades.
Para hoje, está marcada nova rodada de negociações entre o CRUESP (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) e o Fórum das Seis, além de novas manifestações dos grevistas: atos em frente à reitoria e ao Portão Principal, incluindo um "trancaço" (fechamento do portão principal, que só afeta quem chega à universidade de ônibus, visto que eles não dão a volta para entrar por outros portões, como faz quem vai de carro particular).
A Torre do Relógio está
E assim vão as mais recentes confusões na USP... O que você acha disso? Comenta ae!
[editado as 19:45]
Um comentário:
Ah, Edu... embora você esteja menos parcial neste caso, alguns termos que você usa te traem. Quer dizer que a USP tem PM pra todo lado!? Por que eu não os encontro, a menos que procure por eles, pacientemente em formação, vigiando as "manifestações" que possuem histórico criminal de depredação de patrimônio público?
E a reitora deve o quê e a quem? É papel dela zelar pela estrutura disciplinar da universidade, sabia!? Ela aceitou um aluno para a negociação, não aceitou outro e recusou a entrada do Brandão no prédio. No lugar dela, eu não aceitaria um só: me recuso a "negociar" qualquer coisa com quem EXIGE qualquer coisa (palavrinha retirada dos panfletos, passeatas e assembléias).
Postar um comentário