Panfleto do SINTUSP chamando a greve |
Em 2006, por exemplo. Ano de Copa do Mundo, ano de greve (mas que ano não é ano de greve, afinal?) Em 2006, a diferença foi que a relação entre greve e Copa do Mundo foi gritante: os funcionários da USP pararam um dia antes do primeiro jogo do Brasil na Copa e terminaram a greve um dia depois da eliminação da nossa selação na Alemanha. Achou isso uma mera coincidência? Eu refresco sua memória: fomos eliminados num sábado. Ou seja, a greve terminou em pleno domingo!
Veio meu segundo ano na USP, e a coisa foi um pouco mais séria. Talvez a única greve séria que eu enfrentei em 4 anos e alguns meses de USP: foi o ano dos decretos do Serra, quando pararam funcionários, professores e até estudantes! Até o IAG parou! Curiosamente, foi o único ano em que alguma greve deu resultado (apesar do bloco novo do Conjunto Residencial estar em modo tartaruga de construção).
Em 2008, tivemos um ano atípico. Provavelmente devido ao desgaste ocorrido em 2007, a ex-reitora Suely Vilela, aparentemente, acatou a maioria dos pedidos salariais dos funcionários da USP e só tivemos algumas manifestações e paralizações esporádiras.
Ano passado, voltamos a ter confusões na USP. É verdade que o Serra foi um cuzão (e que graças às atitudes autoritárias dele alguns professores e alguns estudantes endossaram a greve), mas, em geral, foi apenas mais uma greve para aumentar os salários dos docentes (e readmitir o Brandão, coisa que eles desistiram depois de obterem o desejado aumento).
Verso do mesmo panfleto. Note o pedido de reintegração do Brandão. |
Por exemplo, uma pessoa carente que necessite utilizar o transporte (gratuito) dentro da USP e que receba vale-alimentação da universidade, pois não tem dinheiro pra almoçar nos (caros) restaurantes da Cidade Universitária, terá que carregar mochilas pesadas (problemas de saúde futuros?) e, além disso, vai passar a se alimentar muito mal.
Outro exemplo é aquela pessoa que mora na puta que pariu (Ferraz de Vasconcelos, por exemplo) e que acordava às 5:00 pra maratona trem, trem, trem, trem, circular. Agora, ou ela acorda meia hora mais cedo para maratona seguida de caminhada (porque o circular está em greve), ou passa a gastar mais R$2,70 diariamente para conseguir chegar às suas aulas.
Enfim, disso tudo só se conclui uma coisa: por trás de todo o discurso de ser em prol de uma universidade igualitária e de qualidade para todos, entra ano e sai ano os funcionários da USP prestam um serviço comparável ao de um vestibular na elitização da faculdade, apenas para conseguir seus aumentos de salários passando por cima de todos e, ainda por cima, conseguirem uns dias de folga, seja para ver ano de Copa, seja para ter mais alguns meses de férias. Assim foi 2006, 2007 (com ressalvas), 2009 e 2010 e assim será 2011, 2012, 2013...
2 comentários:
E assim foi quando eu estudava no CEFET e assim continuará sendo lá e na UFPE... É inevitável: funcionário público reclama sempre da vida e faz de tudo pros outros sofrerem um pouquinho junto com eles. Professores principalmente. Não os culpo tanto, meio que esse é o único jeito de ganhar aumento, na maiorias dos casos (como também em greve de motoristas de ônibus), mas eles bem que se aproveitam disso também, como no caso da Copa... É, meu amigo, isso é Brasil =p
É, meu amigo, isso é Brasil (2)
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