20 de agosto de 2010

O 1º beijo gay da televisão brasileira

Quem acompanha o Horário Eleitoral Gratuito pôde conferir, nessa semana, o primeiro beijo gay da televisão brasileira. Ele foi ao ar na propaganda do P-SOL (Partido Socialismo e Liberdade) que, entre outras bandeiras, defende a de liberar aos gays os mesmos direitos que os heteros já conquistaram, como direito a casarem-se e a adotarem uma criança, entre outros.

Por defender isto, e por sentir que a maioria da população também apóia essa luta (afinal, se julgassem o contrário não teriam veiculado a propaganda), filmaram e colocaram no ar o tal do beijo gay. Abaixo, a propaganda completa, retirada do Youtube:


Como dá pra perceber, não há nada de mais no beijo. A repercussão fica em torno de por quê, num país tão grande e, supostamente, tão liberal quanto o nosso, o primeiro beijo gay na televisão demorou tanto para ser exibido e, pior, por que nenhuma emissora teve coragem de fazê-lo?

Dois argumentos explicam isso muito bem. Em primeiro lugar, temos que a maioria das emissoras não se importam em inovar ou de tratar temas polêmicos e, as que têm esse lado, não o fazem no que confere ao homossexualismo por terem ligações com a igreja (e, por igreja, não me refiro apenas ao catolicismo, mas às demais também). Ora, como vamos colocar no ar algo que desagrada nosso chefe?

Depois, vem algo que compete, em maior escala, à líder de audiência, ou seja, à Globo. Curiosamente, a mesma que se diz líder em "merchandising social". O direitismo imposto por ela própria. Direitismo? Calma, eu explico: em política, divide-se o mundo em dois lados: a esquerda e a direita.

A esquerda, na qual ficam os socialistas, busca igualdade. Essa igualdade não é apenas financeira, mas também se estende às demais áreas da sociedade: educação igual para todos; condições de atendimento de saúde iguais para todos; liberdade para se casar iguais para todos. Na direita, por sua vez, estão os conservadores. Achar que as empresas devem explorar seus trabalhadores em prol de lucro é o pensamento mais claro, conhecido e divulgado de direita. Achar que homossexuais não devem ter os mesmos direitos (e deveres) que heterossexuais também é um pensamento direitista, conservador.

Agora, deixando claro o que a Globo tem a ver com a direita e o que tudo isso tem a ver com a não veiculação de assuntos com a temática homossexual em seus folhetins: vai contra a história da Globo ser liberal e lutar por causas tidas como liberais. É uma emissora conservadora, que exibe diariamente conteúdo "típico" ao brasileiro. É uma emissora que, no fundo, não inova, não se propõe a tratar temas verdadeiramente polêmicos e que vão gerar uma intensa discussão na sociedade (e, como toda discussão, resultados positivos).

É muito fácil uma emissora fazer "merchandising social polêmico" com algo que ninguém é contra, como doação de medula óssea. Mas se aventurar em algo que vai dividir a população e que vai gerar uma discussão séria é difícil e não é algo que nenhuma emissora brasileira se propõe em fazer.

Espero que, com este primeiro beijo, logo venham o segundo, o terceiro, o décimo e assim em diante. E que não venha à tona a discussão sobre beijo gay,  mas discussões mais profundas, sobre o que envolve e o que não envolve uma pessoa ser gay, bem como debates em torno de que diferenças um homossexual tem para um heterossexual (e com a conclusão óbvia: não há nenhuma diferença).

3 comentários:

vinicius disse...

não foi o primeiro beijo gay da televisão brasileira nem de longe,

eu vi um beijo gay no programa idolos, na apresentação da dupla "two mans".

era uma dança de tango, ai eles encerraram com um beijo.

vinicius disse...

outra coisa interessante que notei, no beijo ela fala "você"

no casamento e na camisinha "opção".


interessante por que é como se falasse "homoerotismo não é opção"

Julia disse...

e não é, vinícius. ;)

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