31 de janeiro de 2011

Demônios

Quando os (bons ou maus?) demônios do passado retornam no presente, o que isso vai moldar no futuro?

Cometer os mesmos erros do passado se torna cada vez mais uma opção... O que nos espera no futuro?

E no abrir das cortinas mostram-se todos os caminhos, todos indicando o erro. Fico e espero o apocalipse ou vou em direção à ele, torcendo ser uma miragem? Qual miragem escolher?




É raro eu postar alguma coisa filosófica aqui, mas o momento já se faz propício a isso há mais de uma semana e a cada dia que passa estas perguntas necessitam mais e mais de uma resposta que, infelizmente, sou eu mesmo quem tem de respondê-las.

23 de janeiro de 2011

Aumentando... [2]

Eu disse aqui no último post que a passagem ia aumentar. Disse também sobre os impactos que isso tem na sociedade e falei a respeito de como é calculado o reajuste. Também fiz uma conta básica do que é gasto com transporte, seja pela população ou pela Prefeitura através de subsídios e, claramente, ficou a pergunta: para onde vai isso tudo? Por que continua tudo na mesma merda?

Não, não é nessa postagem que eu responderei a isso, até porque eu não tenho provas pra comprovar a minha teve de que isso vai para alguns bolsos de algumas pessoas. Enquanto o texto anterior falava do que aconteceu, este é sobre o que vai acontecer.

Está entre as diretrizes do Governo Estadual o aumento das tarifas de trem, metrô e ônibus intermunicipais. O Serra nos fez um grande favor: ao invés de ser quando Deus (ou o Governador, melhor dizendo) quiser, os aumentos devem ocorrer na primeira quinzena de fevereiro. Assim, dá tempo de quem sabe disso se preparar, ou seja, encher o Bilhete Único de dinheiro pra não pagar passagens pós-aumento. Outra vantagem (para o Governo, principalmente), é que facilita os cálculos, que são relativamente baseados na inflação, e que o próprio Governo pode falar "eu avisei".

Mas a maior vantagem, e que ainda é pouco explorada, é que a população já tem data pra ir às ruas! Vejamos por exemplo o aumento dos ônibus na Capital paulista: aumentou dia 5 de janeiro, com aviso prévio inferior a 15 dias. Resultado: primeiro protesto contra esse aumento foi feito dia 13 de janeiro (8 dias depois de consumado o aumento). Fica praticamente impossível reverter aumento depois de aumentado.

Mas, no caso da passagem dos transportes administrados pelo Estado, a história é outra: sabe-se que tem um aumento pra vir e, até agora, não foi organizada nenhuma passeata especificamente contra isso. Então eu pergunto, não só pra mim mesmo, como pra todos os leitores, especialmente aqueles envolvidos na luta contra os aumentos (atuais, anteriores e futuros): vamos cometer o mesmo erro ou vamos, pela primeira vez, nos adiantar?

Nas próximas semanas, saberemos as respostas.

PS.: lembrando que, quinta-feira, tem novo protesto contra aumento de passagem na Capital. Mais informações no site do Movimento Passe Livre.

4 de janeiro de 2011

Aumentando...

Como eu já havia dito: elegemos o Kassabo, tomamos no c*!

Ele fez como prometeu: não subiu a passagem por um ano, mas depois, a passagem não só subiu, como disparou. Foram RS0,40 de reajuste ano passado (ou 17%) e mais R$0,30 este ano (11%). Foi de 2,30 reais para 3 reais.

Se considerado apenas o quanto subiu esse ano, o aumento equivale ao dobro da inflação registrada no período, de 6,5%. Curiosamente, foi baseado na inflação que os motoristas e cobradores receberam o aumento de 6,5% durante 2010. Faça as contas: a inflação foi de 6,5%, os salários dos trabalhadores envolvidos aumentaram 6,5% e o diesel não aumentou... O que justifica esse aumento de mais de 10%?

Talvez o método de cálculo explique: o sistema é privatizado, ou seja, várias empresas privadas comandam o sistema. Estas empresas se reúnem e fazem cálculos mirabolantes do custo do sistema. O resultado final é repassado para técnicos da prefeitura que, por sua vez, repassam para seus superiores. Depois de toda essa análise, que, ressalta-se, é feita principalmente pelas próprias empresas privadas, a prefeitura decide o quanto aumentar.

É interessante notar também que, mesmo com o aumento, você também paga mais para as empresas por fora, no conhecido "subsídio". É assim: pra passagem não ser maior do que já é, a Prefeitura paga uma certa quantia em dinheiro para as empresas. Em 2010, foram R$600 milhões. Em 2011, a estimativa é que o valor suba para R$743 milhões (sim... setecentos e quarenta e três milhões de reais).

Ou seja, mesmo com a passagem subindo o dobro da inflação, a Prefeitura ainda vai pagar 24% a mais do que já pagava às empresas de ônibus. Como pode esta conta estar certa? Como pode ninguém ver isso? Como pode todos ficarem calados diante de tal absurdo?


E o pior de tudo é que o serviço não melhora: a frota não aumenta consideravelmente, não há mais linhas... O próprio Kassab mal investiu em corredores exclusivos de ônibus e, no Orçamento deste ano, não está destinado 1 centavo para este tipo de faixas. Curioso, porque, segundo especialistas (vide reportagens no UOL), se o serviço fosse melhor, ele seria mais rentável pois haveriam mais pessoas o utilizando e menos custos devido à superlotação e ao trânsito.

Não precisa ser um gênio também para saber que isso tem impacto direto no trânsito e no Metrô: com o ônibus cada vez mais caro, mais pessoas optam pelo Metrô e por carros e motos próprias. Isso aumenta a superlotação na malha ferroviária da cidade (ou seja, aumentam os problemas) e isso também aumenta a quantidade de acidentes na malha viária da cidade, além de aumentar o próprio trânsito em si (ou seja, aumentam bastante os problemas).

Enquanto isso, todos assistem calados a esse absurdo. Mesmo o Movimento Passe Livre se mostra decepcionante: marcou um protesto apenas para o dia 13, quase 10 dias depois do aumento, com concentração em frente ao Teatro Municipal, às 17h...