14 de janeiro de 2008

Bruzundangas

Dando sequência às resenhas de livro, falarei agora sobre Os Bruzundangas.

#3 - Os Bruzundangas - Lima Barreto - 1918
Livro do mesmo autor de Triste Fim De Policarpo Quaresma

Como eu já disse em posts anteriores, uma das minhas fases preferidas da história da literatura nacional é o Pré-Modernismo, pois nela é mostrada a sociedade como ela é. Este livro é um belo exemplo, e, como já indica o prefácio, no qual ele cita um trecho de A Arte de Roubo ("Como os maiores ladrões são os que tem por ofício livrar-nos de outros ladrões"), o autor conta como funcionam os Estados Unidos da Bruzundanga, numa analogia para evitarmos os males de lá (grandes, por sinal) aconteçam aqui.

O livro, apesar de ter um início de difícil entendimento, ganha, conforme vira-se a página, textos mais claros e mais objetivos, o que nunca é ruim. Lê-lo, nos dias de hoje, nos faz sentir uma imensa tristeza diante da constatação de que não só não evitamos o mal pior, como fomos além, e agora temos males maiores ainda.

O autor passa detalhes sobre os poetas da escola samoieda (bem semelhantes com alguns de nossa época e de anteriores também), sobre a política local, sobre a burguesia, sobre os costumes do povo, e outros.

Os que mais merecem destaque são os comentários acerca da agricultura e das eleições. No primeiro, o autor critica ferozmente o monoculturismo que desde 1500 e pouco assola o Brasil, citando casos em que todos perdem: o país, os pobres e os ricos (estes últimos nem tanto). E o capítulo dedicado às eleições é iniciado dessa forma:

"Dentre as muitas superstições políticas do nosso tempo, uma das mais curiosas é sem dúvida a das eleições. (...) O eleito, porém, depois de certos passes e benzeduras legais, vai para a Câmara representar-lhes a vontade, os desejos e, certamente, procurar minorar-lhes os sofrimentos, sem nada conhecer de tudo isto. A superstição eleitoral é uma das nossas cousas modernas que mais há de fazer rir os nossos futuros bisnetos."

Detalhe: isso foi escrito há 90 anos atrás! No mesmo capítulo, ele conta um caso da eleição na capital do país. Não vou dar detalhes para não estragar o prazer de quem tiver a curiosidade de ler o livro.

Enfim, este é um dos livros que melhor versam sobre o Brasil. Nota: 9,4.

Para quem se interessou, o livro está disponível no www.domoniopublico.gov.br, basta clicar aqui.

3 comentários:

geovixuz disse...

Lima Barreto *.*
apesar de não ser muito fan do pré-modernismo tem uns "caras" que dão ate medo, titio Euclides e seu Sertões é um exemplo. Eu nao conhecia esse livro ai não Edu, já ia ser o pidão da história e pediria, mas como vc as vezes é eficiente até de mais, ja ta la ¬¬
um minino Avante! hahah

abração edu!

Honey-senpai disse...

u.u, eu naum consigo ler livro assim... só leio tipo HP(*-)), ^^", bom saber q vc c intereça por isso ^^", e pq no GP vc deu 5 e nesse 9... injusto *bancando fan bobão*, t+ edu ^^

Magali disse...

Bom demais.....adorei!!!!conhecia essa maravilha.


bjus Magali!

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